Ficamos o caminho inteiro em silêncio.
- Chegamos - ele estacionou, sai do carro e ele abriu a porta pra mim.
- Obrigada.
O lugar era meio antigo. Não havia muitas casas, mas grandes prédios. Nunca passei por aqui.
Ele pegou minha mão e entramos em um dos galpões.
- Uma vez quando vim pra São Francisco, queria um lugar pra pensar e escrever. Então achei essa quadra.
Ele me levou a um portão enorme, que o abriu com facilidade. Mas, quadra de ...basquete ?
- Opa, opa, você não pretende....
- É claro que sim.
Suspirei.
A quadra era um pouco empoeirada, mas tinha cestas, até placares e contagem.
- Você é maluco.
- Eu sei.
Ele pegou uma bola no canto da quadra e jogou pra mim. A peguei sem entender.
- Tenta - ele apontou pra cesta.
Eu ri, mas decidi tentar. Joguei a bola e é claro nem passou perto.
- Ok, já vi o erro. Primeiro: equilíbrio e segundo: mais delicadeza...
- Delicadeza ?
- Claro, olha só.
Ele pegou a bola e simplesmente a jogou.
Ela acertou, obviamente.
- Para de se gabar, Sr. "Delicadeza".
Ele riu e me passou a bola.
- Eu não consigo.
Ele veio até mim.
- Eu vou te ensinar, esse é o propósito - ele sorriu.
Justin ficou atrás de mim e segurou minhas mãos. Calafrio.
- Você não joga com as duas mãos. Dá um impulso com a direita e apoia com a esquerda, ok ?
- Tá.
Foi o que fiz, deixei o peso da bola na mão direita e apoiei com a mão esquerda.
- Isso, agora de leve da um impulso com a mão direita e joga.
Tentei me concentrar, mas tava difícil. Impulsionei e joguei. Ela foi no rumo do quadro e.... CESTA !
- Ai - meu - Deus - me virei surpresa. Ele estava sorrindo - eu acertei, eu acertei, EU ACERTEI ! - não aguentei e praticamente pulei nele - Justin, eu acertei, meu Deus.
Ele riu, só depois percebi que passei dos limites, desci do colo dele e fiquei meio sem graça.
- É.... - engoli em seco.
Estávamos sérios agora, só se ouvia nossas respirações, que não eram fracas. Não havia distância entre nós. Nossos rostos estavam bem perto.
Agora o que prendia minha atenção, era sua boca rosada avermelhada e perfeita. Era como se ela me chamasse, era como se a boca dele pedisse meus lábios. Senti seu cheiro, é indescritível, melhor cheiro que já senti na minha vida. E um aroma doce, mas não enjoativo. Voltei minha atenção pra seus olhos, parecia que ele fazia o mesmo: me olhava de uma forma admirável. Seus olhos pararam sobre os meus, tipo..."me beije". Me aproximei mais dele, encaixando meus lábios nos dele, ele correspondeu. Justin colocou suas mãos em minha cintura, em espremendo mais contra ele. E minhas mãos que estavam em sua nuca, o abraçava mais. Era de novo, como se só nós dois existíssemos, era como se estivéssemos presos na lua. Ninguém podia nos ouvir e nos ver, só existia eu e ele. Esse beijo é como se ele pertencesse a mim, era como se ele fosse só meu e nada podia tirar ele de mim.... nem eu mesma.
Afastei meus lábios aos poucos, estava ficando se ar. Mas não nos afastamos. Ele me abraçou. Senti uma lágrima rodeando meu rosto. Não é tristeza, pelo contrário, é lágrima de "missão cumprida".
Me afastei dele, meio tonta.
- Opa! - ele me segurou, antes que eu caísse.
- An...preciso de almoçar, sei lá - eu disse não olhando pra ele.
- Ok, vamos.
Ele guardou a bola e eu peguei minha bolsa.
Ele segurou minha mão me guiando pra fora do galpão. Ele abriu a porta do carro pra mim e quando ele dirigia não olhava pra mim, nem eu pra ele. Admito, eu estava tremendo, o que me impedia de falar algo.
- Gosta de comida italiana ? - ele disse por fim.
- Hm...não muito, prefiro comida...brasileira.
- Brasileira ?
- Sim, meu pai era brasileiro, ele sempre cozinhava pra mim, eu confesso, meu pai era um ótimo chefe de cozinha.
- Era ?
Abaixei a cabeça.
- Ele morreu.
Senti seus olhos sobre mim, mas eu continuava com a cabeça baixa.
- Sinto muito.
- Não sinta.
- E sua mãe ?
- Ela morreu quando me deu a luz, ela tinha uma doença sem cura, não teve outra escolha. Ou era eu ou ela.
Disse isso não muito confiante, mas fiquei aliviada de poder compartilhar isso com alguém.
- Meus pêsames, Melanie.
Olhei pra ele e sorri.
- obrigada.
Silêncio novamente.
- Que restaurante prefere ? - ele não tava afim de ficar calado.
- Vira a direita...-ensinei o caminho pra ele.
Chegamos e claro, ele veio abrir a porta pra mim. Quem disse que príncipes encantados não existem ?
Entramos lá e não estava muito cheio, sorte que a maioria das pessoas eram adultas e o resto criança de colo. Mas Justin tirou algumas fotos e deu autógrafos. O dono do restaurante foi legal conosco.
- O que vocês comem no Brasil ?
- Hm...feijoada não é bem do Brasil, mas é típico, tem farofa, picanha...
- Ah, quando eu estive lá, provei da picanha, é uma delícia.
- É sim.
Pedimos nosso pratos e não demorou muito e nos serviu. Esse cheiro de comida brasileira, com certeza me lembrou meu pai.
Ele sempre preparava arroz, farofa, carne e uma salada, que todos comem lá. É difícil pra mim, lembrar disso tudo, lembrar das brincadeiras e tudo mais.
- No que está pensando ? - ele disse depois de comer.
Respirei fundo.
- No meu pai.
Ele me olhou tipo "não fique assim". Sorri. De uma forma ou de outra, Justin me confortava.
- Me fale mais sobre você. Você nasceu no Brasil ?
- Não, só meu pai, a minha mãe era daqui.
- Legal, você tem sangue brasileiro e estadunidense.
- E você ?
Conversamos um pouco sobre nós e outros assuntos bobos.
Dali Justin me levou pra casa. Olhei no relógio e eram 16hrs. O tempo passou rápido.
Ele sorriu pra mim. Esse é o sorriso mais lindo que já vi.
Eu não sabia que fazer ou dizer. Eu não queria que ele fosse embora e também não queria me afastar dele.
- Você vai estar na escola amanhã ?
- Sim.
- Então...nos vemos lá - abri a porta mas ele saiu do carro e terminou de abri-la - obrigada - eu disse meio sem graça.
Acenei e ele se foi. Amanhã seria um outro dia.
3 comentários:
Continuaaaaa!
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA !
CONTINUA , SÉRIO TÁ PERFEITO s2
Eu tinha lido isso naquelas folhinhaas néh?Mais está P.E.R.F.E.I.T.O!!!
Postar um comentário